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O Erro

Erramos sempre mais do que perdoamos...




Quantas vezes segui eu, montanha acima, pelo caminho custoso só porque sim? Não sei...
Rebolam sempre pedras quando vou por ali, mas hoje vou por ali outra vez, que se calhar..., se calhar hoje não rebolam pedras, se calhar hoje consigo. Erro. As pedras rebolaram uma vez, vão continuar a rebolar, por mais que vá devagar, por maior que seja a concentração, nem que flutuasse, as pedras tornariam a rebolar.
Tantas vezes rebolam as pedras, um dia hão de acabar,
Um dia, sim talvez um dia, mas não hoje, não agora e sempre que sigo por este caminho.

Há mais caminhos, com menos pedras... sigo sempre pelo mesmo, almejo conseguir fazê-lo incólume; mas ao mesmo tempo sei, cá dentro, que não conseguirei.

Será essa certeza do insucesso que me prende ao chão e me faz fazer rebolar as pedras? O será apenas o meu peso, com que nasci, que não me permite subir mais lesta?

Erro e continuo a errar. Pelo mesmo sinuoso das pedras rebolantes... Sou um errante caminhante. Vou me esquecendo da minha condição (peso) e deixo o meu eu voar para onde condicionalmente eu não consigo, nunca.

Às vezes já não me apetece. Não quero seguir o caminho das pedras rebolantes. Sigo um dos demais, iguais a todos os outros? Não... Não me apetece seguir por onde vai quem não lhe apeteceu tentar.

Hoje apetece me só ficar... Sentado, aqui no limbo ... a chorar as feridas das pedras da última vez. Não me estou a perdoar, estou somente.

Amanhã, ainda que não seja já amanhã, hei de tentar novamente, seguir o caminho, hei de tentar novamente, errar...

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