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A sala da avó Júlia


Na casa da avó Júlia havia imensos objetos antigos nas prateleiras da estante da sala. A maioria deles eram de tons escuros e alguns mal conseguíamos, pelo contorno esbatido pela penumbra, perceber o que eram. A avó Júlia mantinha sempre as cortinas fechadas, dando à sala sombria uma atmosfera de secretismo. Talvez por isso me sentisse sempre tão atraído pelo seu conteúdo e a sala era para mim como uma caverna do tesouro à espera de ser explorada.
imagem obtida com recurso a IA

Naquela tarde de domingo a avó Júlia tinha saído com a minha irmã Clara para ir comprar ovos para fazer o bolo de chocolate, e a mamã estava na garagem com o avô Zé: era a oportunidade perfeita para ir explorar a sala dos tesouros.
Entrei silenciosamente e varri a sala com o olhar em busca de algo que saltasse à vista, mas não encontrei nada de destaque. Peguei então na moldura da fotografia da avó a andar de cavalo para ver mais perto e foi quando o vi: redondo e amarelo, quase que brilhante, um pequeno porquinho mealheiro.
- Oh, olá! Como é que nunca tinha dado por ti? – disse baixinho abandando do mealheiro. Conforme o fiz ouvi barulho metálico, «ah, tem moedas» pensei, e nesse instante caiu alguma moeda ao chão.
«Plin, plin, plin» parou um pouco mais à frente dos meus pés, só que… não era uma moeda: era uma pequena chave dourada. Peguei na chave, que não era maior que o meu dedo mindinho.


Este é um pequeno texto de abertura de um conto infantojuvenil. Mais um dos meus experimentos. 

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