Vejo tudo enublado, difuso… Caminho letargicamente, ensopada até à alma. E o céu continua infatigável, desabando sobre mim numa cascata melodiosamente infernal. E pesa, pesa agora nos meus ombros o céu. Empurra-me para baixo, mais baixo, mais perto do meu chão. Vejo tudo embaciado… Sinto a água quente dos meus olhos escorrer-me pela face e a descer arrastada pela a outra, misturando-se com a tristeza. Vejo tudo embaciado… Corro por entre a cortina de água, corro, corro sem parar sem olhar para trás sem olhar para nada. Vejo tudo enublado… Os contornos da rua vão se dissolvendo, como tinta de óleo, e as cores vão se misturando numa mescla cinzento azulada. Sinto que tudo se dissolve; todo o meu ser, toda a minha alma, toda a minha angústia, tomba pela minha face, escorre pela água quente. Vejo tudo embaciado… Corro sem parar. Corro depressa, sem notar que o faço, corro no modo automático, inconsciente. Eu corro, mas estou parada. O meu corpo aquece e a minha mente arrefece. O corpo aque
--> Já conhecem o urso tédio? costuma aparecer quando não se têm horários e um dia começa às 13 horas e acaba às 3 <--