Avançar para o conteúdo principal

No lado de cá

Eu sou o que eu sou. Sou o que quero ser, e o que me deixo ser, e não quero ser só mais uma parte de um todo, não quero ser só o que o todo espera da minha parte. Vou ser o que sou porque estou cá, no todo, mas estou comigo.
Eu nunca estou sozinho porque estou comigo. Sou a única pessoa que eu sei que nunca vou abandonar. E por muito que eu tente ignorar-me, acabo sempre por voltar a ouvir-me.
Eu sou eu, não sou mais ninguém, e mais ninguém é eu.
Não tenho medo de mim, do que eu possa fazer, do que possa vir acontecer entre mim e eu. Sei que posso sempre contar comigo, mesmo quando pensar que ninguém me pode ajudar, mesmo quando não houver nada a fazer, eu vou lá estar. Por muito que eu goste das outras pessoas, por muito ou pouco que elas gostem de mim, elas não são eu e não gostam de mim tanto quanto eu.
Por muito tempo que passe com alguém, por tantas e tantas experiências, horas e pensamentos que partilhemos, por muito que me compreendam, e compreendem, e consigam pôr-se no meu lugar, por muito que se sintam como eu, não sentem como eu. Não vão nunca sentir como o lado de cá, porque simplesmente não estão no lado de cá.

Eu sou um barco à deriva no oceano, conto com o vento e as correntes que me arrastam. Quando o vento parar, sigo pela corrente. Quando a corrente acabar, busco cá dentro os remos que trago sempre, e sigo…Sigo até onde me deixar ir, mas sigo.

Comentários

Anónimo disse…
Apesar de não estar "do lado de lá" sei que tb não estou assim tão longe.. e apesar de não pensar "como tu".. uma coisa eu sei.. gosto muito de ti!!!

RuteGrou
Marco Pereira disse…
Tão óh amiga quando sai o próximo texto?
Tenho visitado o estaminé na esperança de apanhar mais um;)

Mensagens populares deste blogue

Caótico Apoptótico

CAOS Como cabe tanta bagunça nesta cabeça? Não sei, tenho as gavetas todas abertas e está um vento descomunal, irregular, multidirecional. E voam papeis como folhas no outono. Algumas gavetas estão viradas, outras vazias já, mas nem assim no seu lugar... Como cabe tanta bagunça nesta cabeça? Será que saltei muito alto e vim a rebolar de lá para baixo e foi isso? Se calhar foi isso que desordenou o que, também nunca, esteve organizado. Que raio... Como cabe tanta bagunça nesta cabeça? Quilos de post-it's de todos os tamanhos e cores possíveis e imaginárias, com listas de compras e moradas e números e contas e contas e contas. Rolos infindáveis de irrealizáveis projetos escorrem por cima dos molhos de gavetas... Como cabe tanta bagunça nesta cabeça? Fotografias e filmes, curtas e longas ... Rostos e mais rostos e sorrisos e risos. Paisagens nítidas envoltas em nuvens de cheiros mesclados pelo vento, que não pára, lamentavelmente já indissociáveis e por isso irreconhec

Mais um degrau?

Ninguém disse que era fácil. Ninguém disse que era simples. Mas com o passar do tempo, com a prática, deveria tornar-se mais fácil, mais que não fosse por ser mais comum. Mas não é, não é mais fácil, pelo contrário, é cada vez mais difícil… À medida que a nossa percepção das coisas vai aumentando, ou antes, vai se distanciando, englobando novos ângulos e perspectivas, vai sendo cada vez mais difícil, tomar decisões, agir. É como uma queda. Vamos avançando em idade e vamos deixando de cair com a mesma frequência, e já não temos permanentemente as pernas com manchas negras ou os braços esfolados. Vamos caindo menos, porque vamos aprendendo a evitar… Mas há sempre um descuido, mais cedo ou mais tarde voltamos a cair, e quando acontecer o embate será mais forte e as consequências serão bem mais sérias e o nosso tempo e capacidade de reacção será mais reduzido, pois a próxima queda é sempre imprevista. Vejo hoje, mais do que via ontem, e por isso julgo possuir mais conhecimento do que possu

Perfetta

Sim, Queria ser perfeita, como uma parede branca acabada de pintar... ou já com alguns anos, mas ainda assim, imaculada, perfeita. Queria ser como todas as (pessoas) que tu vês. Queria ser o que elas (te mostram que) são, perfeitas. Queria ser só sorrisos, ter um sorriso lindo todos os dias para ti, um sorriso perfeito. Queria dizer-te (sempre) sim, que bom, é isso mesmo, óptimo, perfeito. Queria não precisar de dizer a verdade, dizer (só) o que queres ouvir, o que eu sei (e tu também sabes) perfeitamente que queres ouvir; és perfeito. Queria acreditar (sempre) em mim e em ti, confiar-te (se não mos tivessem roubado já) os meus tesouros mais preciosos, (agora já não) perfeitos. Queria só que me ouvisses (de vez em quando) perfeitamente, e percebesses porque não sou perfeita: Vivi algum tempo (a brincar) nos contos de fadas; construí (muitas vezes) os meus castelos na areia e acabei por (precisar de) construir muros, às vezes altos de mais... Tudo para proteger os meus castelos (de sonh