Avançar para o conteúdo principal

Imagem

Hoje quero dar o pontapé no urso…
Quero poder fazer este exercício sempre que conseguir lembrar-me que já vi coisas mais bonitas do que vejo agora.


Fecho os olhos e olho o pôr-do-sol. Não é bem o pôr-do-sol, é o quase pôr-do-sol. Estou sentada na esplanada à beira-mar, inspiro fundo. Sou abraçada por todo um conjunto de cores, sons e aromas muitas vezes antes experimentados, mas nem sempre apreciados devidamente. Demoro-me a escutar o mar: rugindo em força contra a praia, lavando violentamente o areal. Diluídas nesta fúria sensacional escutam-se ainda as vozes das gaivotas, que vão suavemente descendo até à praia em busca de jantar.
Inspiro fundo. Saboreio a maresia… Sinto o vento frio que dança ali ao pé. Por vezes ombreando a fúria das investidas do mar, fustiga fortemente a pele… Sinto a luz do sol no meu rosto, tentando aquecer o que o vento vai arrefecendo.
Inspiro fundo. E vejo…O mar agitado e o areal remexido sobre o qual pairam gaivotas. E ao longe, ainda por cima do horizonte, o sol que inevitavelmente vai caindo, caindo, até tocar no mar. Por cima do horizonte o céu vai experimentando uma variação de cores, e as poucas nuvens que o enfeitam tomam tons dourados, alaranjados e rosa. A grande bola laranja reduz-se a um semicírculo e o céu está agora cor-de-rosa.
Inspiro fundo uma vez mais numa tentativa de abarcar toda a imensa pacificidade que me envolve agora.
O sol já se pôs, desapareceu por hoje. E com ele desapareceu também toda a inquietude que trazia eu cá dentro e é impossível impedir o sorriso que se desenha no meu rosto.

Comentários

Anónimo disse…
Excelente cenário!
Só faltavam aí umas mines e uns tremoços!
Perfeito, perfeito... :p

El Débil

p.s: tá a pontapear o raio do urso!

Mensagens populares deste blogue

Caótico Apoptótico

CAOS Como cabe tanta bagunça nesta cabeça? Não sei, tenho as gavetas todas abertas e está um vento descomunal, irregular, multidirecional. E voam papeis como folhas no outono. Algumas gavetas estão viradas, outras vazias já, mas nem assim no seu lugar... Como cabe tanta bagunça nesta cabeça? Será que saltei muito alto e vim a rebolar de lá para baixo e foi isso? Se calhar foi isso que desordenou o que, também nunca, esteve organizado. Que raio... Como cabe tanta bagunça nesta cabeça? Quilos de post-it's de todos os tamanhos e cores possíveis e imaginárias, com listas de compras e moradas e números e contas e contas e contas. Rolos infindáveis de irrealizáveis projetos escorrem por cima dos molhos de gavetas... Como cabe tanta bagunça nesta cabeça? Fotografias e filmes, curtas e longas ... Rostos e mais rostos e sorrisos e risos. Paisagens nítidas envoltas em nuvens de cheiros mesclados pelo vento, que não pára, lamentavelmente já indissociáveis e por isso irreconhec

ECO

Quando chegas a casa e ligas a televisão... Ah, deixa-me cá ver o que está a dar, pode ser que esteja alguma coisa interessante, pensas... Mas não é isso que "pensas". Na verdade ligas a televisão pois não suportas o eco do silêncio nas paredes despidas e cruas da tua casa, não aguentas o teu reflexo em cada porta esquálida e nua, não queres saber de ti. Chegas a casa e ligas a música, alto, tão alto que parece que sabes cantar tão bem quanto os restantes instrumentos, batendo em ondas ritmadas contra as paredes o chão, o tecto, as janelas. Não queres saber dos vizinhos, não os ouves tão pouco também. Não te ouves a cantar (melhor, menos ainda ouves as outras vozes). O que dói é quando dói a cabeça, quando não suportas mais som nenhum, quando tu falas muito mais alto que tudo em redor e não queres ouvir-te e falas ainda mais alto... aí dói, e dói a cabeça. Porquê? É "muito" som ao mesmo tempo. É muito. E dói muito pensar em ter de pensar no que tu falas para ti.

Mais um degrau?

Ninguém disse que era fácil. Ninguém disse que era simples. Mas com o passar do tempo, com a prática, deveria tornar-se mais fácil, mais que não fosse por ser mais comum. Mas não é, não é mais fácil, pelo contrário, é cada vez mais difícil… À medida que a nossa percepção das coisas vai aumentando, ou antes, vai se distanciando, englobando novos ângulos e perspectivas, vai sendo cada vez mais difícil, tomar decisões, agir. É como uma queda. Vamos avançando em idade e vamos deixando de cair com a mesma frequência, e já não temos permanentemente as pernas com manchas negras ou os braços esfolados. Vamos caindo menos, porque vamos aprendendo a evitar… Mas há sempre um descuido, mais cedo ou mais tarde voltamos a cair, e quando acontecer o embate será mais forte e as consequências serão bem mais sérias e o nosso tempo e capacidade de reacção será mais reduzido, pois a próxima queda é sempre imprevista. Vejo hoje, mais do que via ontem, e por isso julgo possuir mais conhecimento do que possu