Hoje tenho cá dentro tantas vozes que não consigo ouvi-las coerentemente… São tantas que se atropelam, falando umas por cima das outras.
Uma dela quer contar uma história sobre o mar o sol o por do sol a praia o vento as cores o cor-de-rosa o céu. Outra quer ver fotografias antigas… A outra está revoltada com o que se tem passado e despeja em corrida todo o amontoado de cubos de raiva e ódio que tem guardado num puzzle. A outra ri… ri tão alto, mas tão alto que se estivesse o alarme de fogo disparado, iria parecer apenas um zumbido quando comparado com esta…
Todas elas se vão empurrando esbarrando subindo umas por cima das outras, e o que vai saindo é algo imaterializável, como que apenas magnético, com efeitos e trajectórias invisíveis. São sentimentos opostos que convivem dentro do mesmo espaço. Risos lacrimejantes e gritos silenciosos…
Por enquanto estão cá dentro e saem à vez e ordenadas, e se um dia o porteiro se despedir?
Ah-ah-ah-ah
Hoje tenho tanta coisa para dizer, mas não consigo contar nada… Esqueci-me como se escolhem as palavras certas. Onde, em que espaço da minha linha temporal perdi a capacidade de organização da mente, ou será que nunca a tive e vivia apenas iludida de que o meu raciocínio estava saudável? Estou mesmo a perder coisas pelo caminho, ou só agora se acenderam as luzes e consegui ver que elas na realidade nunca lá estiveram? Sou menos do que era, ou pensava ser algo que nunca fui realmente? A imagem que olha para mim hoje do outro lado do espelho é a mesma que me olhava ontem, e é a mesma das fotografias? Quando comparo a imagem de hoje com imagens passadas por vezes não me reconheço… Mas porquê? Sou eu. Eu sou a mesma das fotografias… Serei? Já não consigo fazer “aquela cara”, mas sou eu. Ainda que esteja muito apagada, a imagem das fotos ainda é visível ao espelho. Ainda que esteja abafada por vozes grandes, eu estou cá. E sou eu, sou eu com mais algumas realidades, mas sou eu. E não me digam que não sou, porque eu quero ser eu, não quero ser uma pessoa que não conheço, por isso agora: Silêncio, deixem ouvir-me!
Hoje ouço-me com uma clareza cristalina. Não há confusão, sou eu. Afinal de contas era só eu, era apenas uma voz, a minha voz, as demais não passavam de artifícios de eco…
Uma dela quer contar uma história sobre o mar o sol o por do sol a praia o vento as cores o cor-de-rosa o céu. Outra quer ver fotografias antigas… A outra está revoltada com o que se tem passado e despeja em corrida todo o amontoado de cubos de raiva e ódio que tem guardado num puzzle. A outra ri… ri tão alto, mas tão alto que se estivesse o alarme de fogo disparado, iria parecer apenas um zumbido quando comparado com esta…
Todas elas se vão empurrando esbarrando subindo umas por cima das outras, e o que vai saindo é algo imaterializável, como que apenas magnético, com efeitos e trajectórias invisíveis. São sentimentos opostos que convivem dentro do mesmo espaço. Risos lacrimejantes e gritos silenciosos…
Por enquanto estão cá dentro e saem à vez e ordenadas, e se um dia o porteiro se despedir?
Ah-ah-ah-ah
Hoje tenho tanta coisa para dizer, mas não consigo contar nada… Esqueci-me como se escolhem as palavras certas. Onde, em que espaço da minha linha temporal perdi a capacidade de organização da mente, ou será que nunca a tive e vivia apenas iludida de que o meu raciocínio estava saudável? Estou mesmo a perder coisas pelo caminho, ou só agora se acenderam as luzes e consegui ver que elas na realidade nunca lá estiveram? Sou menos do que era, ou pensava ser algo que nunca fui realmente? A imagem que olha para mim hoje do outro lado do espelho é a mesma que me olhava ontem, e é a mesma das fotografias? Quando comparo a imagem de hoje com imagens passadas por vezes não me reconheço… Mas porquê? Sou eu. Eu sou a mesma das fotografias… Serei? Já não consigo fazer “aquela cara”, mas sou eu. Ainda que esteja muito apagada, a imagem das fotos ainda é visível ao espelho. Ainda que esteja abafada por vozes grandes, eu estou cá. E sou eu, sou eu com mais algumas realidades, mas sou eu. E não me digam que não sou, porque eu quero ser eu, não quero ser uma pessoa que não conheço, por isso agora: Silêncio, deixem ouvir-me!
Hoje ouço-me com uma clareza cristalina. Não há confusão, sou eu. Afinal de contas era só eu, era apenas uma voz, a minha voz, as demais não passavam de artifícios de eco…
Comentários
Que para os outros são outros "tu", o que lhes pode causar grande estranheza. O que diremos nós entao..?
Mas sabes que mais, ainda bem que nunca somos nós mesmos, acho que não teria tanta piada. E apesar da confusão que esta multidão interior pode causar, continuo a gostar deles:)
Débil_Mental