Mostrar mensagens com a etiqueta pontapeando o urso. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta pontapeando o urso. Mostrar todas as mensagens

26 abril 2011

Um livro

No outro dia fiz uma busca a uma pérola do meu passado...


Afinal já faltam poucas coisas para fazer: já plantei uma (e outra e outra) árvore, e já escrevi (em tempos) um livro... Há muito muito tempo, era eu uma criança e escrevi "um livro". Pela caligrafia suspeito que teria, no máximo, os meus 9 anos de idade. Ora bem, eis que o livro resgatado dos confins do tempo, guardado, quase que embalsamado, dentro da caixinha das memórias tristes, das cartas amarelas e do bilhete da expo98, regressa à luz do dia! Muito devagar, fui passando as velhas folhas do bloco de notas, e ainda me detive nas primeiras com algumas observações infantis do género "quem diz é quem é" (afinal sempre fui uma criança (a)normal como todas as outras). Fui passando muito calmamente página a página, ainda que estivesse ansiosa para reler essa grande obra literária, que eu tinha, e ainda tenho (cof cof), a certeza que vai ser editada um dia, com direito a capa e ilustrações estilo anita... et voila dei com ela finalmente:


" A viagem Fantástica de Dulcineia"

E é este pequeno presente que deixo aqui hoje :)
----------------------------------------------------------


Numa terra muito distante, vivia uma menina que se chamava Dulcineia, mas todos as tratavam por “Dulci”.
Um dia sua mãe mandou-lhe fazer um recado:
- Vai ao mercado e traz: 1Kg de feijões, 2Kg de batatas, 5 ovos, 7 cenouras e um pão. E não te esqueças de ir buscar água à fonte!
Dulcineia foi ao mercado e em seguida foi à fonte. Quando se virou para o caminho de casa, viu uma grande árvore com uma porta. Dulcineia abriu a porta e entrou, mas a porta fechou-se e Dulci não conseguiu abri-la. Estavam umas escadas em frente à porta. Dulci desceu as escadas e subiu outras. No fim das escadas estava uma porta meio aberta meio fechada. Ela abriu a porta e foi dar a uma grande floresta. Dulci andou, andou, até ser de noite! Foi então que encontrou uma casa. Bateu à porta que se abriu de repente.
- Está aí alguém? – Perguntou ela.
- Estou aqui sim. Sobe as escadas vira à direita e entra na segunda porta à esquerda.
Dulci abriu a porta e viu um grande laboratório onde estava um senhor já idoso sentado à mesa.
- Vamos minha menina, senta-te. Como é que te chamas?
- Dulcineia, mas todos me tratam por Dulci.
- Eu chamo-me Cobaia.
- Sr. Cobaia, acha que eu posso voltar para casa?
- Eu penso que não! Mas podes dormir cá, se quiseres.
- Muito obrigada.
No dia seguinte Dulci levantou-se tomou o pequeno-almoço e disse ao Cobaia:
- Eu vou me embora à procura da minha casa.
- Ah! Então leva esta bolsa que eu preparei para ti.
- Muito obrigada mais uma vez Sr. Cobaia.
- Adeus e tem cuidado.
Dulcineia andou, andou, andou, até que viu um gelado falante. No princípio Dulci não sabia que era falante; então pegou nele e começou a comê-lo. Mas o gelado deu logo um grito:
- Ai! Não me comas.
- Quem és tu? – Perguntou ela.
- Sou um gelado falante. E tu quem és?
- O meu nome é Dulcineia, mas todos me tratam por Dulci.
- Muito prazer em conhecer-te.
O gelado começou a andar e Dulci perguntou:
- Onde vais?
- Vou mostrar-te a minha aldeia.
Ela seguiu o gelado até que chegou a uma aldeia de gelo.
- Anda, não tenhas medos, vou mostrar-te os meus pais.
- Tu tens pais?
- Claro que tenho.
Quando ela chegou a casa do gelado falante ele disse-lhe:
- Espera aqui, vou chamar os meus pais.
- Está bem. - Respondeu ela.
Quando os pais do gelado chegaram, disseram:
- Olá, quem és tu?
- Muito prazer em conhecer-vos, eu sou a Dulcineia.
- Desculpa não te poder convidar para entrar, mas tu és tão grande!
- Ah! Não faz mal. Eu vou passear. – Disse ela.
- Também posso ir?
- Claro!
E lá foram andando até que encontraram um balão a mexer-se. Dulci pegou no balão e ele disse-lhe:
- Por favor, enche-me senão vou ficar doente!
Dulci, assustada, encheu-o muito depressa. O balão agradeceu-lhe e foi-se embora.
Dulci e o gelado continuaram pela floresta fora até que chegaram a um caminho largo com flores nas bermas.
- Este caminho vai dar à cidade das fantasias. – Disse o gelado.
- Posso ir lá? – Perguntou ela.
- Tu podes, mas eu não.
- Porquê?
- Porque ainda posso ser comido por alguém! Adeus.
- Adeus.
Dulci seguiu o caminho que ia dar à cidade das fantasias. Quando lá chegou viu uma fada cor-de-rosa e perguntou-lhe:
- Onde está o vosso chefe?
- Nós não temos chefe. Mas o rei Estêvão vai gostar muito de te conhecer. Segue-me!
Dulci seguiu a fada até que chegou a um labirinto. Na entrada do labirinto estavam dois soldados de madeira que disseram:
- O que queres?
- Eu quero ver o rei.
- Há três maneiras de fazê-lo mas a mais fácil é seguires em frente.
Dulci fez como os soldados recomendaram até que chegou à porta do palácio. Subiu as escadas, no cimo das quais estavam outros soldados que a acompanharam até á sala do trono. Aí estavam sentados: um senhor de barbas atadas e uma senhora com o vestido enrolado. Dulci fez uma vénia e disse:
- Chamo-me Dulcineia e estou perdida…
- Se estás perdida nós temos a solução! – Disseram eles sem deixarem Dulci acabar a frase.
- Mas…
- Nada de mas.
A rainha desenrolou o vestido e o rei a barba. Dulci ficou espantada quando as barbas do rei e o vestido da rainha se desenrolaram todos e bateram na porta. O rei começou a ler a barba e a rainha a ver imagens no seu vestido.
- Aqui não! Aqui, não, não, não… Ah! Cá está a gruta dos espelhos mágicos.
- Que bom, assim já posso voltar para casa.
- Fica muito longe da nossa cidade… Mas poderás passar a noite cá. Acho que o Capuchinho vermelho não se vai importar que tu durmas na casa dele.
- E onde fica?
-Quando saíres do labirinto segue em frente até chegares a uma casa. Nessa casa é que mora o Capuchinho Vermelho.
Quando Dulci chegou a casa do Capuchinho Vermelho bateu à porta e uma senhora veio abrir.
- Boa tarde! Aqui é que é a casa do Capuchinho Vermelho?
- É sim.
- O meu nome é Dulcineia mas todos me tratam por Dulci.
- Entra! O que te traz por cá?
- O rei Estêvão disse que podia passar a noite na casa do Capuchinho, porque ele não se ia importar.
- Nós não nos importamos. Vou chamar o Capuchinho. Queres vir?
- Claro!
Dulci seguiu a senhora até que chegou a um campo cheio de flores e lá estava o Capuchinho Vermelho.
- Capuchinho, anda cá, tenho aqui uma menina que precisas de conhecer. – Disse a senhora. E lá veio o Capuchinho a correr.
- Bem vou preparar o jantar. Vocês ficam aqui ou vêm?
- Ficamos. – Disseram as duas.
- Olá, eu chamo-me Dulcineia mas todos me tratam por Dulci. O rei disse que podia passar a noite cá.
- Ah sim?! E amanhã para onde vais?
- Vou para a gruta dos espelhos mágicos!
- E vais sozinha?!
- Vou. Eu não quero que ninguém se meta em sarilho por minha causa.
- Meninas, venham comer! – Disse a mãe do Capuchinho.
- Não fales disto a ninguém, nem á tua mãe!
- Está bem.
No dia seguinte Dulci levantou-se cedo mas quando passou na cozinha estava lá uma sacola e um papel que dizia:
«Querida amiga Dulci: preparei esta sacola com coisas para comeres durante a tua viagem à gruta dos espelhos, espero que consigas o que queres. Capuchinho»
Dulci foi andando até que encontrou um rapaz.
- Olá, o meu nome é Dulcineia mas todos me tratam por Dulci.
- Olá o meu nome é Leonardo e vou para a gruta dos espelhos.
- Eu também. O que é que vais lá fazer?
- Vou para minha casa.
- Eu também.
E lá foram andando e conversando e comendo até que chegaram. Na gruta estava muito escuro mas Leonardo acendeu um fósforo. Olharam em seu redor e viram uma porta. Quando abriram a porta Leonardo apagou o fósforo e os dois dirigiram-se aos espelhos. De repente ouviram uma voz que lhes disse:
- O que querem vocês dois?
- Queremos voltar para casa!
- Abram aquela arca. Se tiver luz saltem lá para dentro, se tiver escuridão, voltem cá daqui a três anos.
Dulci e Leonardo abriram a arca e ficaram encandeados com tanta luz. Então saltaram lá para dentro e adormeceram. Quando acordaram estavam nas suas casas.
- Onde estiveste Dulci?
- Depois eu explico.
Na outra casa:
- Onde foste Leonardo?
- Já te digo mãe, depois de ver o pai.


FIM

18 agosto 2008

Lusco fusco


Estes breves instantes de mudança, o compasso de espera entre o dia e a noite, o intervalo.




Deito-me no chão, de costas para a terra. Abro os olhos e contemplo o céu. Assisto ao grande espectáculo de cores que se desenrola todos os dias sobre as nossas cabeças. As nuvens que seguem de norte para sul, arrastadas pelo vento frio, esfumando-se ou chocando umas com as outras, vão tomando várias formas, como sendo diferentes personagens do filme que vai rolando nestes instantes. Outrora cinzentas, agora apresentam-se de um rosa laranja, dourado na base, e vão animando o céu. Na sua correria, as nuvens abrem espaços para a actuação de singelos artistas cintilantes, que vão aparecendo e desaparecendo como pequenos quasares. Um pequeno avião rasga o céu, simulando uma lâmina, que o separa em dois pelo seu rasto de fumo rectilíneo. O céu; palco do espectáculo! O pano de fundo colorido, que abandona o azul habitual para experimentar tons mais quentes. Agora rosa, o palco é invadido por novos artistas barulhentos: pássaros. Na sua azáfama habitual destas horas, cruzam os céus, em bandos ou sozinhos, num chinfrim danado que vem quebrar o silêncio monumental deste compasso de espera. E continuam, de árvore em árvore num reboliço, como se não conseguissem conter em si a energia do dia que passou e a expectativa do que está para vir depois destes instantes de mudança.




Agora sento-me e perscruto o horizonte. Sob o céu monumental, descansa a terra no seu silêncio agitado. Alguns carros vão passando com pressa de chegar, intervalados por segundos de calma que vão crescendo para momentos de quietude. Sem aviso, acendem-se as luzes da estrada. Um zumbido crescente anuncia a chegada de uma lambretta. O seu hirto ocupante vem carregado de sacos e preocupações. Com algum vagar adquirido pelo passar das primaveras, vai desenhando as curvas da estrada, azoinando o ar com o seu zumbido impertinente.
Lá longe vai-se erguendo a imponente silhueta lunar. Brilhante, vai subindo no céu sem pedir. O céu… já há muito abandonou os tons quentes, foi sendo invadido por um manto azul arroxeado que subiu vindo de Este, preparando a entrada da Lua. E a Lua sobe. A luz vai escasseando…




Misturada nestes instantes de mudança, vai chegando a noite. Dissimulada pelo silêncio e pela confusão de cores, vai emergindo agora sobrepondo-se ao dia. Abraça toda a terra com o seu manto escuro, e com uma canção de embalar transporta-nos para o seu sono profundo. Cá em baixo já só se vêem as pequenas trémulas luzes da estrada, lá em cima a Lua redonda e imponente que vai ofuscando as estrelas mais próximas.
O vento norte continua a soprar. Vou para dentro. Amanhã há mais.

18 fevereiro 2008

Risoterapia


- E porque mais ninguém neste planeta sabe fazê-lo tão bem como nós, vamos rir =D
- Rir?
- Sim!! =D

- Mas porquê?
- Porque sim, rir porque sim.


Rir porque não?
Rir porque me apetece
Rir porque não te ris
Rir porque quando penso nisto tenho vontade de rir
Rir porque está sol
Rir porque está chuva
Rir com a boca, com os olhos, com as mãos

- Com as mãos?
- =D sim, com as mãos
Rir com dentes
Rir sem dentes
Rir estridente
Rir assim
Rir de todas as maneiras
Mas rir!
Rir para mim
Rir de mim
Rir de ti
Rir de nós
Rir para vós!
Mas rir!
Rir de olhos fechados
Rir ao sol
Rir ao vento
Rir às escondidas
Rir baixinho
Rir alto
Rir para dentro
Rir para fora
Mas rir!
Rir para rir
Rir para não chorar
Rir por chorar
Rir até chorar
Rir até doer a barriga
Rir até doer a cabeça
Rir até esquecer que se está a rir
Mas rir!
Rir porque corre bem
Rir porque corre mal
Rir porque somos os maiores!
Rir porque somos os piores
Rir porque podemos
Rir porque não podemos
Rir, só! Rir…


Vês? Já te estás a rir!
- =D Pois, é impossível não estar, com tanta parvoíce…
- Mas resultou!
- Sim! Ah ah ah


AH AH AH =D

27 dezembro 2007

Imagem

Hoje quero dar o pontapé no urso…
Quero poder fazer este exercício sempre que conseguir lembrar-me que já vi coisas mais bonitas do que vejo agora.


Fecho os olhos e olho o pôr-do-sol. Não é bem o pôr-do-sol, é o quase pôr-do-sol. Estou sentada na esplanada à beira-mar, inspiro fundo. Sou abraçada por todo um conjunto de cores, sons e aromas muitas vezes antes experimentados, mas nem sempre apreciados devidamente. Demoro-me a escutar o mar: rugindo em força contra a praia, lavando violentamente o areal. Diluídas nesta fúria sensacional escutam-se ainda as vozes das gaivotas, que vão suavemente descendo até à praia em busca de jantar.
Inspiro fundo. Saboreio a maresia… Sinto o vento frio que dança ali ao pé. Por vezes ombreando a fúria das investidas do mar, fustiga fortemente a pele… Sinto a luz do sol no meu rosto, tentando aquecer o que o vento vai arrefecendo.
Inspiro fundo. E vejo…O mar agitado e o areal remexido sobre o qual pairam gaivotas. E ao longe, ainda por cima do horizonte, o sol que inevitavelmente vai caindo, caindo, até tocar no mar. Por cima do horizonte o céu vai experimentando uma variação de cores, e as poucas nuvens que o enfeitam tomam tons dourados, alaranjados e rosa. A grande bola laranja reduz-se a um semicírculo e o céu está agora cor-de-rosa.
Inspiro fundo uma vez mais numa tentativa de abarcar toda a imensa pacificidade que me envolve agora.
O sol já se pôs, desapareceu por hoje. E com ele desapareceu também toda a inquietude que trazia eu cá dentro e é impossível impedir o sorriso que se desenha no meu rosto.